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title: "Em uma era de Acesso a Internet, Arquive tudo Offline!"
date: 2020-05-21
tags: ["reflexao"]
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Em um primeiro momento, a ideia de ter que arquivar conteúdo offline
pode parecer bem estranho. Mas em uma era que cada vez mais empresas de
tecnologia adotam o modelo de _Adaptar, estender e extinguir_
é essencial que a gente volte a adaptar algumas práticas velhas para um
momento atual.

Perder acesso a uma plataforma e conteúdo é algo bem comum ainda mais em
uma época como agora com o levante do neo-facismo e sanções, abuso de
DCMA/Direitos Autorais e Paywall [^1]. Empresas como o Twitter
e Facebook, volta e meia derrubam páginas de governos "ditatoriais",
"anti-democráticos", como recentemente aconteceu com as contas do
presidente Nicolas Maduro e de seu Partido no Twitter [^2]. O que
é curioso, considerando que estamos falando de plataformas/corporações
que tanto advocam pela _liberdade de expressão_ e aversão à moderação de
conteúdo, pois segundo eles _"... onde você delimita a linha (entre
censura e moderação)"_ quando questionado sobre conteúdo de
neo-nazistas, fascistas e reacionários espalhados a quatro ventos,
disseminando desinformação e ódio. Me lembra aquele velho fato do
Liberalismo e suas políticas bem descritas por Losurdo e alguns vários
pensadores marxistas, afinal "liberdade" e "democracia" é a liberdade
e democracia para os senhores (do mundo).

[^1]: https://gigaom.com/2011/10/31/if-a-paywall-is-your-only-strategy-then-you-are-doomed
[^2]: https://www.dailydot.com/debug/nicolas-maduro-english-twitter-suspension

Existem dois termos inglês que descrevem esses fenômenos digitais. Um
deles, se chama _link rot_, referente a quando um link apodrece, fica
inacessível mas ainda é indexado por buscadores. E o conceito de _walled
garden_ que é a ideia de um "jardim fechado", ou seja, uma plataforma
fechada, onde a empresa dita o que acontece, o que você pode ver, se
aquele conteúdo é bom ou não, e isola o acesso a esse conteúdo somente
dentro da plataforma dela (você precisa ter uma conta no Instagram para
poder ver as fotos de um perfil público, por exemplo). Eventualmente, um
_walled garden_, decide que aquele conteúdo X deixou de servir os
interesses da plataforma ou não é mais rentável. Talvez esse mesmo
_walled garden_ saiu desse negócio. Usuários dependem das plataformas
para armazenar e consumir conteúdo e links apodrecem aos milhares quando
essas plataformas morrem. Filmes somem do Netflix, Músicas desaparecem
do Spotify, contas são banidas do YouTube e SoundCloud por pedidos de
denúncias de direto autorais (muitas vezes sendo denúncias feitas por
bots/robôs e sem nenhum tipo de verificação) [^3][^4].

[^3]: https://www.eff.org/deeplinks/2015/02/absurd-automated-notices-illustrate-abuse-dmca-takedown-process
[^4]: https://nypost.com/2020/03/18/posts-disappear-from-facebook-twitter-youtube-as-robots-police-content

Dado essa situação, eu tenho tomado uma atitude de fazer um espelho
offline de _tudo que eu consumo_. Se eu vejo um site que eu acho
interessante, eu arquivo ele imediatamente [^5]. Vídeos de palestras que
eu gosto, arquivado [^6]. Músicas que eu tenho interesse, guardado.
Documentos e pdfs que eu já tenha lido também. Tudo que eu possa vir
a querer consumir mais de uma vez. Projetos livres e open-source que eu
tenho algum tipo de interesse, clonados em `~/sources` e espelhados.

[^5]: Usando o wget(1): `wget -mkEpnp www.porcellis.com`
[^6]: [youtube-dl](http://ytdl-org.github.io/youtube-dl/)

Dado essa situação, se você é um desenvolvedor de uma plataforma,
ofereça as pessoas alguma forma de poder arquivar o conteúdo, utilize
formatos abertos e livres que não serão descontinuados em uma próxima
atualização. E enquanto usuário, não dê seus dados para plataformas da
qual você não tem a noção se elas vão conseguir se manter e quais são
seus posicionamentos éticos. Escolha plataformas livres e de código aberto
e que tenham uma comunidade boa e ativa, e engaje nesses projetos se
você puder.