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./MANIFESTO.md
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# Instituições Públicas devem usar Software Livre Atualmente, importantes instituições públicas, como a Dataprev _(Tecnologia de Informação e Previdência)_, Serpro _(Serviço Federal de Processamento de Dados)_ e Procergs _(Companhia de Processamento de Dados do Rio Grande do Sul)_: estão em processo de privatização. Enquanto a privatização não acontece de fato, às abertas, essas empresas enfrentam o sucateamento dos seus recursos tecnológicos e a entrega desses recursos nas mãos do setor privado. Sindicatos e outras organizações importantes lutam para impedir que o desmonte dessas empresas aconteça. Nesse mês (Agosto de 2020), o novo gestor da Serpro, Gileno Gurjão Berreto, com apenas _9 dias_[^1] de exercício de sua função, publicou a [Resolução GE 016/2020](https://www.capitaldigital.com.br/wp-content/uploads/2020/08/download.pdf) que cancela o uso de software livre e padrões abertos, o licenciamento de software livre e desenvolvimento pela Serpro, dentre outros documentos organizacionais diretivos. A atual direção da estatal aposta em soluções proprietárias, oriundas de multinacionais e contribui para enterrar mais um pouco a possibilidade do país ser um polo desenvolvedor de software na América Latina, de ter a habilidade de desenvolver as próprias soluções, e possívelmente contribuir para soluções já existente no ecossistema do software livre. E a justificativa para poder balançar o aspecto financeiro sobre essa decisão — afinal adquirir licenças de softwares caros hospedados em servidores ao redor do mundo custa dinheiro — será a aplicação de um violento corte de pessoal e custos com infra-estrutura, considerando que com o software proprietário não é necessário desenvolvedores e engenheiros críticos, mas apenas "operadores". A atual gestão joga nas mãos das empresas privadas de tecnologias os recursos tecnológicos da estatal, e dados de milhões de cidadãos brasileiros, com uma justificativa de enxugar custos. Nesse sentido, consideramos de extrema importância a publicação e divulgação desse manifesto em defesa do uso de software livre pelas instituições públicas. [^1]: [Serpro abandona política de uso do software livre e parte para a dependência tecnológica – Capital Digital](https://www.capitaldigital.com.br/serpro-abandona-politica-de-uso-do-software-livre-e-parte-para-a-dependencia-tecnologica/) ## Por quê? Instituições Públicas, tais quais a Serpro, Dataprev, Procergs, e afins devem utilizar software livre, tanto na sua infra-estrutura quanto na suas operações. Software livre, é inquestionavelmente superior, por diversas razões. O Software livre respeita as liberdades essenciais, como direito de usar o software, de acessar o código fonte para estudá-lo, modificá-lo e compartilhá-lo; permitindo um ciclo de colaboração mais transparente. ## Sobre o Manifesto Este manifesto tem o objetivo de expôr: as razões pela qual é importante o uso de software livre nas instituições públicas; a adoção de software proprietário por essas instituições deve ser revsertida e sem justificativa; como o abandono do uso de software livre por empresas estatis faz parte de um processo de privatização da qual coloca o lucro acima do real objetivo dessas instituições que é prezar pelas vidas de seus cidadões. ## Por que software livre é importante no setor público? ### Auditável O Software livre permite que todo o código fonte do programa seja estudado, permitindo assim que um programador (ou até mesmo o público) possa verificar se ele funciona da forma que ele diz que funciona. ### Seguro e Privado Segurança não pode ser definida em termos de confiança. Privacidade e Segurança é matemática. Ela tem que ser provada e não através de promessas. A auditabilidade do software livre permite que se verifique e prove por A mais B que o software realmente não manipula as informações. ### Éticamente Responsável O Software livre é construído de forma colaborativa e além de respeitar os direitos dos usuários, poder ser auditável e seguro, permitindo que ele nunca desvie dos seus propósitos. ### Modificável O software livre sendo modificável, permite que qualquer cidadão possa ajudar a construí-lo, estudando seu código-fonte e removendo quaisquer comportamentos indesejáveis. Isso significa processos mais transparentes e uma diminuição nos custos, afinal pode-se utilizar de outros softwares livres já construídos, verificados e utilizados pela comunidade e diversas outras empresas e organizações, não necessitando reinventar a roda. ### Opções Uma das premissas trazidas pelo software livre é justamente o caso de a abordagem e a implementação forem ruins ou inferiores, poder modificar ou utilizar-se da implementação como base para uma versão superior. Permitindo e estimulando uma comunidade ativa e viva com diversas opções e implementações com suas particularidades. Além de não gerar um efeito de "vendor lock-in", quando um software utiliza de técnicas que _prendem_ o usuário a uma versão, através de incompatibilidade de formatos, travas de dados, etc. ## Certo, mas essas instituições não podem escolher? Essas instituições, são, acima de tudo estatais e construídas com o dinheiro público de contribuintes através de impostos. O fato dessas empresas serem estatais permite que elas trabalhem em defesa dos interesses da população e em tempos como o que vivemos hoje é simplesmente inadimissível que essas instituições sejam transferidas para a esfera privada, ainda mais após as constantes situações de invasão de privacidade dos grandes monopólios como Facebook e Google, Amazon e afins. Não precisamos ir muito longe para relembrar escandalos como o Cambridge Analytica, influenciando nas eleições dos EUA em 2016, ou até mesmo aqui com a divulgação em massa de Fake News pelo WhatsApp (pertencente ao Facebook) nas eleições de 2018. Estamos vivendo o apogeu dos dados, onde os dados se tornaram (em certa medida) o novo petróleo [^3]. Constantemente nossos dados são massificados e processados por empresas que oferecem soluções "gratuitas". Além do mais, os documentos vazados do WikiLeaks nos reforçam a importancia de focar na defesa da nossa soberania nacional [^2], que está há muito tempo ameaçada e entregue aos interesses de grandes transnacionais e submisso aos interesses de governos alheios. [^2]: [WikiLeaks: quem lucra com a espionagem digital - Agência Pública](https://apublica.org/2013/09/wikileaks-quem-lucra-espionagem-digital/) [^3]: [Regulating the internet giants - The world’s most valuable resource is no longer oil, but data | Leaders | The Economist](https://www.economist.com/leaders/2017/05/06/the-worlds-most-valuable-resource-is-no-longer-oil-but-data) A entrega desses dados, como por exemplo da *Dataprev* para as empresas privadas, significaria que além de estar na mão dessas empresas dados absurdamente importantes para projetar políticas públicas, de que possivelmente o governo teria que arcar com custos para obter esses dados. ## Conclusão Precisamos urgentemente pressionar para reverter esse processo em andamento de privatizações e destruição da nossa soberania nacional, **um passo importante é retornar a utilização de software livre nessas instituições, mas não somente**, é simplesmente muito irresponsável os dados públicos do nosso país estarem nas mãos de empresas do setor privado e potencialmente armazenado em "nuvens" estrangeiras. A luta deve ser por tornar essas instituições a serviço da população, para serem usadas para elaborar políticas publicas e propostas de manutenção da comunidade e armazenar em território nacional, em computadores administrados pelo Governo, o que inclusive reduziria custos e potencialmente geraria empregos para o setor de TI/Dados/Desenvolvimento, potencializaria debates sobre como melhor armazenar esses dados e processá-los ao favor do povo brasileiro. |